domingo, 17 de maio de 2009

A Filha do Teatro

Não há dúvidas de que o espetáculo "A Filha do Teatro", do Teatro do Pequeno Gesto, tenta ser ousado. Porém, como não apresenta recursos suficientes para sustentar esta tentativa, criam um resultado pedante, sem razão de existência: uma exclusiva demonstração de poder intelectual.

Por exemplo, a cenografia assinada por Doris Rollenberg desconstrói o ambiente e forma duas platéias distintas postas frente a frente sem que haja nisso alguma intenção (no mínimo) interessante que justifique essa opção. Pelo contrário, conseguem transformar um espetáculo de apenas uma hora de duração numa eternidade.

Já os figurinos de Mauro Leite não expressam qualquer idiossincrasia das personagens - são apenas vestimentas comuns, qu se pode encontrar em qualquer loja de roupa popular. Parece que as atrizes não tiveram preocupação em vestir um figurino, simplesmente abriram seus armários pessoais, puseram uma peça confortável e subiram no palco da Caixa Cultural.

A iluminação de Binho Schaefer é feia. Nada ali foi criado - acenderam algumas luzes (algumas delas na própria platéia), vez ou outra eram trocadas de posição, enfim, não existem motivos para se declarar a autoria desta luz.

Os trabalhos de Paula Leal e Paula Bahiana, respectivamente de música e vídeo, são apenas firulas para enaltecer "a capacidade de ousadia da cena".

O texto de Luis Augusto Reis é o pior elemento do espetáculo. Não é texto de teatro, muito menos adaptável. É preferível que se leia em casa, ou melhor, é preferível que não se leia nunca, pois não há nenhuma novidade que valha a pena conferir.

A direção de Antonio Guedes é pobre. Não há ação, apenas atrizes andando de um lado para o outro contando uma história para públicos diferentes. Todas as opções que escolhe realçam sua pedância.

Dentre as interpretações de Fernanda Maia, Priscila Amorim e Viviana Rocha nenhuma se salva. São todas forçadas ao mesmo estilo cru de se dizer um texto da boca pra fora fazendo cara "de quem vai chorar a qualquer momento".

Muito provavelemente, o pior espetáculo do ano.

3 comentários:

  1. Leandro, eu sinto muito te infomar que, assim como a pólvora e o Google já foram inventados, o cargo de Bárbara Heliodora já foi tomado (pela própria). Desculpa, cara, estão roubando suas idéias direto.
    "O homem atrás da porta, meio bêbado, ficou repetindo baixinho um trecho de Woizek..." hahaha.
    Um beijo!

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  2. Para mim, a "crítica" acima é prova máxima de como o Ser-Humano pode ser capaz de fazer mal uso da liberdade de expressão.

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