domingo, 10 de maio de 2009

Maria Stuart, de Schiller


“Maria Stuart” trata-se do encontro fictício entre a rainha católica da Escócia e sua prima Elisabeth, rainha protestante da Inglaterra. Tal encontro é promovido pelo clássico de Friedrich Schiller , do século XVIII.
A montagem de Antonio Gilberto segue à risca o texto traduzido por Manuel Bandeira, não fazendo questão de inová-lo ou enriquecê-lo através da encenação, que é muito pontuada, contando geralmente com um triângulo de atores em cena. Tal escolha torna o espetáculo de mais de três horas de duração cansativo para a platéia. Um breve intervalo entre um ato e outro é uma oportunidade mais que bem vinda para o espectador respirar antes de voltar para a continuação do pesado drama.
A iluminação de Tomás Ribas vacila em pouquíssimos momentos, mostrando-se segura e eficiente, e tendo seu ápice na cena final, quando cria uma atmosera tena e sombria, alcançando a perfeição. Já a sonoplastia não se destaca em momento algum, sendo até demasiadamente óbvia. Os figurinos são confusos e pouco atraentes, não se pode dizer a que época pertencem. As rainhas são vestidas com simplicidade excessiva. A cenografia de Helio Eichbauer, por sua vez, é perfeitamente eficiente, predominando a discrição da madeira, quebrada apenas pelo vermelho do chão. Sem excessos ou poluição visual, deixando que os holofotes fique sobre as duas grandes atrizes em cena.
A protagonista, Julia Lemmertz, consegue com maestria dar o peso e a força que exige Maria Stuart, com a ajuda de Amélia Bittencourt, a coadjuvante perfeita no papel de ama. Clarice Niskier interpreta uma rainha Elisabeth fria e rancorosa tão convincente que sua presença no palco chega a ser irritante. Os demais atores apresentam pouca personalidade na fala e nos gestos, não por sua culpa, mas pela escolha do encenador de seguir à risca o texto em português arcaico.
No geral, “Maria Stuart” é um bom espetáculo, que enriquece a cena teatral carioca. Vale a pena ser visto pelos seus muitos acertos em meio a alguns erros honestos.

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