segunda-feira, 15 de junho de 2009

A Tropa de Domingos

Confronto, peça que está em cartaz no SESC Copacabana, traz ao palco dezenove atores dirigidos por Domingos Oliveira, feito raro quando não se trata dos grandes musicais importados. O texto de Confronto é uma livre adaptação do livro, já consagrado nos cinemas em Tropa de Elite, Elite da Tropa de Luiz Eduardo Soares. Seus diálogos são repetitivos e pouco criativos revelando personagens que não conseguem desenvolver aspectos que justifiquem suas ações ou relações. Talvez, baseando-se no fato do tema principal do drama ser conhecido, atual e muito explorado em todos os veículos, Domingos, Luiz Eduardo Soares e Marcia Zanelatto, que assinam a livre adaptação, partem direto para o conhecimento do conflito entremeado de corrupção, traição, política e bandidagem. Tudo está apresentado, mas, não podemos levantar da cadeira e ir embora, ainda resta uma hora, da hora e meia de duração do espetáculo. Os atores sustentam o tom policial com pulso firme. Porém, Michel Bercovitch como o secretário de segurança frágil e sonhador, José Roberto de Oliveira (que vem a ser irmão de Domingos Oliveira) como o Delegado matador Luizão França e Paulo Giardini como o Governador demagogo, são os únicos que exploram alguma sutileza na interpretação. Os outros atores gritam demais e são caricaturas de tipos corriqueiros. Nada contra, se essa característica fosse assumida pela direção, nos conduzindo a uma histérica tragédia cotidiana com humor e provocação. A última cena é uma tentativa frustrada de reflexão, e cá entre nós, sem noção de duração, quando Michel Bercovitch, declama ou lê, não ficou muito claro pra mim, um texto buscando alguma conclusão a ser compartilhada com a platéia. As narrações de Domingos Oliveira, com sua (má?) dicção de sempre, dividem os quadros em tempo e lugar dando um tom teatral às cenas corriqueiras. Os cenários e figurinos de Ronaldo Teixeira e Leobruno Gama não enriquecem o contexto ficando no lugar comum de um cenário e figurino realista.
A luz de Manéco Quinderé cria um ambiente sombrio e violento usando sombras e explorando bem os focos.
Com um texto pobre, diálogos fracos e uma encenação que beira a uma montagem de final de curso de teatro, pode-se dizer que Domingos Oliveira devería voltar a produzir seus bem sucedidos Confrontos conjugais.

Fernanda Oliveira

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