Confronto, peça que está em cartaz no SESC Copacabana, traz ao palco dezenove atores dirigidos por Domingos Oliveira, feito raro quando não se trata dos grandes musicais importados. O texto de Confronto é uma livre adaptação do livro, já consagrado nos cinemas em Tropa de Elite, Elite da Tropa de Luiz Eduardo Soares. Seus diálogos são repetitivos e pouco criativos revelando personagens que não conseguem desenvolver aspectos que justifiquem suas ações ou relações. Talvez, baseando-se no fato do tema principal do drama ser conhecido, atual e muito explorado em todos os veículos, Domingos, Luiz Eduardo Soares e Marcia Zanelatto, que assinam a livre adaptação, partem direto para o conhecimento do conflito entremeado de corrupção, traição, política e bandidagem. Tudo está apresentado, mas, não podemos levantar da cadeira e ir embora, ainda resta uma hora, da hora e meia de duração do espetáculo. Os atores sustentam o tom policial com pulso firme. Porém, Michel Bercovitch como o secretário de segurança frágil e sonhador, José Roberto de Oliveira (que vem a ser irmão de Domingos Oliveira) como o Delegado matador Luizão França e Paulo Giardini como o Governador demagogo, são os únicos que exploram alguma sutileza na interpretação. Os outros atores gritam demais e são caricaturas de tipos corriqueiros. Nada contra, se essa característica fosse assumida pela direção, nos conduzindo a uma histérica tragédia cotidiana com humor e provocação. A última cena é uma tentativa frustrada de reflexão, e cá entre nós, sem noção de duração, quando Michel Bercovitch, declama ou lê, não ficou muito claro pra mim, um texto buscando alguma conclusão a ser compartilhada com a platéia. As narrações de Domingos Oliveira, com sua (má?) dicção de sempre, dividem os quadros em tempo e lugar dando um tom teatral às cenas corriqueiras. Os cenários e figurinos de Ronaldo Teixeira e Leobruno Gama não enriquecem o contexto ficando no lugar comum de um cenário e figurino realista.
A luz de Manéco Quinderé cria um ambiente sombrio e violento usando sombras e explorando bem os focos.
Com um texto pobre, diálogos fracos e uma encenação que beira a uma montagem de final de curso de teatro, pode-se dizer que Domingos Oliveira devería voltar a produzir seus bem sucedidos Confrontos conjugais.
Fernanda Oliveira
segunda-feira, 15 de junho de 2009
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